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do concretismo verbal e estilos decorrentes enquanto arte pela arte

 

por da, nirham :eRos  

      (heterônimo de ANTONIO MIRANDA)

 

        Poder-se-ia dizer que o rompimento com o discursivismo na poesia começou com Mallarmé no fim do século passado, embora antes houvessem intentado em maior ou menos grau  outros autores.
Porém, se Mallarmé não conseguiu romper com o discursivismo, foi quem mais propôs-se a realiza-lo, e o primeiro a fazer uso do espaço gráfico de modo orgânico.  As tentativas anteriores (Zdànevic, Apollinaire e outros) as guiou mais bem um comportamento intuitivo e desorientado.  Apollinaire mais preocupado com a forma em seus “calligrammes”, levando ao figurativismo.  A poesia encaixada em tal estrutura em nada ou quase nada se renovara.  Já Il já Zdànevic destruía a linguagem, fazendo tão somente o uso das letras em construções para o prazer do olho, se nos permitem... Apenas a estética; a linguagem do verbo cedeu à linguagem da forma, aproximando-se do desenho.

        A poesia já libertada dos rigores da metrificação, do romantismo, do naturalismo e tendendo, na transição, para o prosaísmo de um Rimbaud e Walt Whitman e nos braços do simbolismo com Mallarmé.  Desde aí o sentido lúdico-experimental da poesia que, no Brasil, nasceu com a geração de 1922. Albertus Marques, embora jovem, trabalhou os muitos estilos e filiou-se, por identificação, com a geração de 1956 que lançou, bso Brasil a vanguarda: o Concretismo verbal. Tratava-se de romper com a sintaxe convencional e criar a poesia espacial, de fundo ideogrâmico, de natureza presentativa. Ao invés da descrição correspondente à forma discursiva qua apenas se aproximava do objeto, o poeta buscava a forma presentativa, concreta, capaz de revelar o objeto e, destruindo o conceito individualista e subjetivo, realizando-a o quanto universal e objetivamente possível.
Mais que realizou a história desse estilo, pela análise de suas origens, e o cronológicoa de sua evolução, partiu do trabalho, um levantamento técnico (didático) o quanto possível claro para que o captem os observadores, descuidando, neste ofício, o apurado do estilo. Imagine o leitor a palavra “SO”        numa página (que corresponde, em espanhol a SOLO) e terá a ideia de um homem recolhido. Em seguida, editando uma letra, tem-se “SOM”  (SONIDO)  que, conservando a palavra SO em seu interior.  Assim, SOM é mais do que SO, isto porque nos dá a impressão de algo mais, dado o volume de letras que, na linguagem concreta vale dizer um homem ouvindo música (SO + M).  A terceira etapa do poema é SONO (SUEÑO)      com uma letra a mais, o que significa estar o homem (ou mulher) com vontade de dormir, provocado pela música que o envolve em tal solidão.  Portanto, um homem que ouve música e que dormir, está além do homem que apenas ouve música, razão das quatro letras (SONO0 , valorizando também pela sequência (ver o poema) que sugere gradativo aumento de volume, de espaço e tempo.

        A quarta parede desta construção verbal é  SONHO, com 5 (cinco) letras, palavra que em português também significa SUEÑO, porém já em estado onírico: Quero dizer, SONO em português é sentir vontade de dormir e SONHO é a etapa posterior quando o homem já está em estado inconsciente, no domínio do suprareal. Assim, pois SONHO (cinco letras) em mais que SONO (quatro) em letras e significado. Aos leitores menos avisados, diremos que a busca desse concreção não é nova.  Mallarmé dissera da falsidade da palavra NUIT (noite, noche) de som claro enquanto JOUR (dia) se revelava opaco, destruindo a onomatopeia em que visa a perfeição.   A eleição de palavras foi e é um cuidado primordial dos poetas, que erudita ou intuitivamente, alguns visando o ritmo, outros a rima ou o acercamento ao objeto como os concretistas pretendem.

        A diferença entre a poesia concreta e a tradicional ou convencional é que, enquanto a primeira mostra, a outra descreve.
Poder-se-ia dizer: “um homem está só, ouve música, esta o tranquiliza e, quando dorme, sonha”, mas Albertus Marques prefere revelar de forma mais direta. Dir-se-ia que o rompimento do discurso é apenas aparente e ele se dá de maneira conceitual, ou da relação entre os dados, o que é certo, sem o que não teríamos linguagem e sem esta, a poesia (lírica, me atrevo a dizer, no caso de Albertus).
Os caminhos de concretismo são vários e serão motivos de artigos posteriores.  Albertus Marques deu seguimento a esta obra lúdico-experimental através do poegoespacialismo, do neoconcretismo até as consequências últimas: livropoemas, “não-objetos verbais” (que serão apresentados posteriormente numa galeria da cidade)*
1, poemas elétricos, etc, lídimo representante da nova geração poética brasilsira vanguardista.


*1: referindo-se aos anos da década de 1960.

 

 

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Ver página dedicada a ALBERTUS MARQUES em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/albertus_marques.html

 

Página publicada em junho de 2023


 

 

 
 
 
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